segunda-feira, janeiro 21

O enviesamento dos debates …

Ontem, no programa da RTP1  Prós e Contras link   os telespectadores tiveram a oportunidade de assistir, no âmbito da discussão sobre uma pretendida reforma do Estado, a uma prestação sobre o SNS verdadeiramente aviltante e recheada de aleivosias.
Não é possível, nem sequer sensato, ‘reduzir’ o SNS ao serviço de Cirurgia Cardio Torácica dos CHUC. Entrar nessa via é o ignorar que o Rossio não cabe na Betesga.
E já agora para além da prosápia sobre eficiência de produção dessa Unidade Funcional, quando é que falamos nos custos operacionais desse (ímpar) CRI [*] e, mais concretamente, que tipo de contratos foram (no tempo das vacas gordas) estabelecidos com a gestão hospitalar e ao que parece (a avaliar pelo custo unitário da intervenção cirúrgica revelado no programa) incólume aos cortes que têm atingido não só a vertente hospitalar, mas todo o SNS.
É que comparar entidades completamente distintas não é uma atitude sã. Fiquemos pela sanidade já que estamos a restringir-nos ao âmbito da saúde.
Na verdade, quando se afirma aos 4 ventos que temos ‘vivido acima das nossas possibilidades’ é preciso olhar ao espelho. Não vá o diabo tecê-las.
Finalmente, foi possível entender qual foi o verdadeiro alcance do parecer do CNECV sobre 'racionamentos' terapêuticos no SNS. Entre os múltiplos fins que, a pouco e pouco, se vão libertando, a surpresa foi a sensação de ‘conforto’ do Prof. Manuel Antunes (como o próprio revelou ontem)…
Adenda: Começa a ser um difícil exercício imaginativo tentar destrinçar os convidados que são Prós dos Contra. Mas isso é uma área do ‘Dr.’ Relvas e portanto é estultícia tentar compreender esses obscuros meandros.
[*] - Sempre defendi os CRI como modelo estratégico de descentralização da gestão hospitalar e um bom exemplo de estrutura intermédia de governação clínica a desenvolver. Só não compreendo como se pretende comparar uma solução única e excepcional (é esse o real ‘estatuto’ do SCC-T dos CHUC) com a generalidade da organização hospitalar, onde a centralização tudo absorve e esmaga…

e-pá!

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