quinta-feira, outubro 17

Difícil é apanhar um coxo…

O jornal Público volta e meia surpreende-nos, o de hoje é um bom exemplo. 
Primeiro passo (página 12) 
O OGE prevê um corte de 300 milhões no orçamento da Saúde. Depois das abundantes declarações do Ministro de que o sector devia ser positivamente discriminado vem o seu secretário de estado afirmar que «há dinheiro para a saúde que precisamos» - não dizendo, é certo, qual é essa saúde. Segue-se depois a citação do Professor da Faculdade de Economia do Porto (como disse? então esse senhor não é Assessor do MS???) concluindo que o «orçamento é perfeitamente acomodável e razoável» e, mais á frente, explica porque implicitamente deixa a ideia de que se podiam cortar ainda outros 300 milhões: «Ainda há duplicações de serviços que podem ser eliminadas sem pôr em causa a qualidade e acesso aos cuidados».link 
Então não foi este Ministério que sobre a reorganização da rede, pediu e obteve logo em janeiro de 2012 um primeiro estudo de Mendes Ribeiro assim como outro de um Grupo nomeado para a reforma das urgências, depois outro da ENSP e outro da ERS – a todos engavetou -, mais tarde veio defender que deviam ser os hospitais a propor na estratégia as alterações às suas áreas e capacidade a oferecer, agora pediu mais um estudo para ARLVT? 
O Ministério não abriu mais dois hospitais em Lisboa (PPP), sem antes ter fechado camas, pelo que temos excesso de capacidade nos hospitais de lisboa, que ficaram com as camas e o pessoal, mas não com um orçamento correspondente, por isso têm grandes dívidas. Só ajustou o contrato da CVP, em vez de o cancelar, e vai agora, sem primeiro arrumar a rede do SNS, entregar hospitais às Misericórdias, isto é vai manter a oferta, os recursos e despesa no público e aumentar a despesa no sector privado (duplicação)? 
 Ao não ter ajustado a rede aumentou a despesa desnecessária, por duplicação, e infligiu cortes desnecessariamente altos aos restantes hospitais. E vêm agora falar em duplicação de serviços? 
Mais Passos (contracapa) 
 João Manuel Tavares limita-se a arrolar citações dos nossos governantes, Portas e Passos, sobre a reforma do Estado. Passaram um ano a prometê-la para amanhã, não a apresentaram nem a fizeram, e agora vêm defender como sendo imprescindíveis para salvar o Estado um enorme volume de cortes e um novo aumento de impostos e taxas. link 
Cito um especialista: «antes dizia-se que se atirava dinheiro para os problemas, agora atiram-se cortes para cima». Acrescento eu: também se atiram muitas manipulações e «incorreções factuais». 
SNS Sempre

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