sexta-feira, agosto 19

SNS, a rebentar pelas costuras

Os últimos dados indicam que o IPO está a responder nalguns casos com demasiada lentidão, há quem espere demasiado por uma cirurgia…
O IPO funciona razoavelmente bem, em termos genéricos, atende as pessoas rapidamente. São muitos raros os casos que ultrapassam uma semana para o acesso à primeira consulta. Agora, temos problemas de organização interna. Desde a primeira consulta até ao início do tratamento, o conjunto de actos de diagnóstico prolonga-se demasiado com demasiada frequência. Por vezes demora-se três meses para início do tratamento, quando provavelmente era possível fazê-lo apenas num mês. No acesso à cirurgia temos um problema que implica o aumento da capacidade cirúrgica. Há um concurso a decorrer para um bloco operatório com nove salas. 
Então vai ser preciso esperar, enquanto isso não se concretiza? 
Será muito difícil baixar (a espera). Conseguimos cumprir os tempos máximos de resposta em 70% dos casos [de cirurgia], mas queremos chegar a perto de 100%. O IPO está no limite da sua capacidade? Perante uma doença que continua a crescer, cuja prevalência aumenta e há casos mais complexos por pluripatologia, será inevitável que os IPO [não só o de Lisboa] estejam a trabalhar no limite das suas capacidades. 
Acabou de pedir à Entidade Reguladora da Saúde que se pronuncie sobre os casos de doentes que começam por tratar-se nos hospitais privados e acabam por ter que terminar o tratamento nos públicos, por falta de dinheiro. Os privados deixam os doentes à sua sorte? 
Acabam por deixar. Contam com a rede protectora que é o SNS, só que o facto de isso acontecer está a causar problemas a essa rede protectora. Por isso pedirmos à Entidade Reguladora que se pronuncie e promova uma discussão sobre como é que esses casos devem ser tratados. 
Francisco Ramos, entrevista JP 16.08.16 link 
Ilustrativo sobre as dificuldades de uma unidade do SNS, a rebentar pelas costuras, na ressaca dos cortes a eito do anterior governo, perante a actual escassez de financiamento para fazer face às necessidades determinadas pela procura crescente. 
O actual governo implementou, recentemente, um "programa de incentivo à realização de actividade cirúrgica do SNS", antecipando, por exemplo,  de quatro para três meses a data a partir da qual os hospitais podem pedir a transferência de actividade cirúrgica para outro hospital do SNS. link 
Quanto ao SNS a servir de rede protectora. Os privados, naturalmente, não recebem doentes à borla. E não se preocupam em avaliar, previamente, se os doentes têm recursos para custear todo o processo terapêutico. 
 ACF, prometeu melhorar a regulação “dos conflitos de interesses”, aclarar as zonas cinzentas, melhorar a transparência entre o sector público e o sector privado, através de legislação a publicar a partir de setembro. Veremos.
Nota: Porque será que os hospitais privados continuam a investir na rede de cuidados oncológicos ? link

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