domingo, fevereiro 12

Pacto em Saúde avança

Vila Real e Funchal recebem primeiras unidades privadas. Cobertura geográfica alarga-se.
Dez novos hospitais, 300 milhões de euros de investimento, 3000 postos de trabalho, eis a agenda da hospitalização privada até 2020. Os projetos privados regressam em força, depois de uma fase de expectativa e consolidação ditada pela crise.
Das estreias em Vila Real e na Madeira, com reforços da oferta na região de Lisboa, há apostas em novas áreas geográficas e diversas tipologias hospitalares – ambulatório, médico-cirúrgicos, neuro-ciências, saúde comportamental, medicina física e de reabilitação e oncologia.
"O futuro da Saúde em Portugal passará por hospitais privados", afirma Óscar Gaspar, que lidera a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) desde outubro de 2016. O gestor destaca a expansão da "cobertura territorial" e o esforço de grupos como a Trofa Saúde, que evoluiu de uma lógica regional para uma vocação nacional. Mas os dois principais operadores (Mello Saúde e Luz Saúde, da Fosun) são quem mais investe.
Parceria Luz Saúde/ Universidade Católica
O Grupo José de Mello Saúde aplicou 26 milhões de euros no CUF Viseu (2016) e conta investir, até 2018, 100 milhões no CUF Tejo, em Alcântara, e 15 milhões no CUF Almada. Até 2020, investirá ainda 50 milhões de euros na ampliação do CUF Descobertas, com a instalação de um hospital de dia oncológico com 11 camas de internamento.
Em Lisboa, a Luz Saúde, em parceria com a Universidade Católica, prepara a instalação de duas unidades (Cascais e Lisboa) do Hospital Universitário. É a primeira vez que uma universidade privada vai ter uma faculdade de Medicina. Óscar Gaspar realça o "carácter inovador" deste modelo que traduz o interesse dos privados em gerir faculdades de medicina.
Até ao final do ano, a Clínica Comportamental Senhor da Serra investirá cinco milhões de euros, perto de Monsanto, numa nova unidade hospitalar especializada em saúde mental.
Vila Real e Funchal
Vila Real está a ser disputada por dois grupos, que já anunciaram projetos para a cidade. O grupo Luz Saúde investe 12,5 milhões de euros num hospital com 20 camas e 35 consultórios. O grupo Trofa Saúde aposta numa unidade hospitalar com outra escala: 68 camas e 60 consultórios.
Em Aveiro, a autarquia local negoceia com dois grupos o futuro hospital privado.
O madeirense João Bacalhau, que há 20 anos dinamiza unidades hospitalares no Algarve, está já a construir, no Funchal, a oitava unidade de saúde do grupo Hospital Particular do Algarve (HPA). Serão investidos 35 milhões de euros num hospital com 100 camas e orientado para clientes internacionais.
O sector "regista uma nova vitalidade e vontade de realizar com celeridade os projetos de investimento", nota Óscar Gaspar, que invoca a favor da hospitalização privada a combinação da "eficiência com a excelência da prestação de cuidados de saúde".
A rede atual de 110 hospitais privados com atividade em Portugal representa sensivelmente metade das unidades hospitalares do país. A hospitalização privada emprega mais de 17 mil pessoas e realiza anualmente 6,8 milhões de consultas, 1,7 milhões de atendimentos urgentes e 260 mil cirurgias.
Segundo os dados mais recentes do INE, os hospitais privados asseguram cerca de 30% das camas de internamento do país. O volume de negócios do sector ronda os 1.850 milhões de euros.
Abilio Ferreira, Expresso 10/02/2017
Para os mais atentos, a notícia não traz propriamente novidades. Porém, juntando o que aqui é revelado com o que se vai sabendo sobre a opção PPP para os novos hospitais públicos, está bom de ver que o propalado pacto em Saúde passa pela entrega gradual do sector hospitalar aos grupos privados mantendo (até ver) pouco mais que os Cuidados de Saúde Primários no SNS.
Está pois em curso, ao que tudo indica, uma subversão consentida do artigo 64º da Constituição da República.


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