quarta-feira, dezembro 13

Fechada a sete chaves ...

Sair ou ficar no Serviço Nacional de Saúde (SNS), eis a questão. Uma questão que cada vez mais se coloca aos jovens médicos, que estão genericamente insatisfeitos com os horários prolongados, as deficientes condições de trabalho e a falta de expectativas de progressão na carreira. O descontentamento atinge níveis de tal forma elevados que metade dos médicos a fazer a formação na especialidade admite a possibilidade de emigrar no final do internato, indicam as conclusões de um estudo que esta segunda-feira vai ser divulgado.
Intitulado "A carreira médica e os factores determinantes da saída do SNS", este que é o primeiro grande estudo da classe sobre este fenómeno baseou-se em inquéritos a três grupos distintos de profissionais inscritos na Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos (OM) - especialistas, jovens ainda fazer a especialidade e médicos que já abandonaram o serviço público.
Independentemente do grupo etário e da condição profissional, os resultados preliminares provam que é  transversal a insatisfação com o SNS por diferentes razões, com o excessivo número de horas de trabalho semanal à cabeça. Globalmente, mais de dois terços mostraram-se insatisfeitos ou muito insatisfeitos com o SNS. O único aspecto em que a maior parte dos 2283 médicos dos três grupos que responderam ao questionário online se mostram globalmente satisfeitos é no relacionamento com os colegas.
"O SNS não tem sido competitivo"
Mas é entre os mais novos que as perspectivas em relação ao futuro se apresentam sombrias: cerca de quatro em cada dez afirma que não espera continuar no SNS depois de terminar o internato de especialidade e metade considera a possibilidade de emigrar para exercer medicina no estrangeiro. Apenas um em dez afirma que irá com certeza continuar no SNS e que nenhum valor o fará sair de Portugal.
“Há um desencontro entre o funcionamento do SNS e as necessidades e expectativas dos médicos, que são o seu capital mais valioso”, sintetiza a coordenadora deste trabalho de investigação, Marianela Ferreira, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, que realizou o estudo em colaboração com a Secção Regional do Norte da OM. “Não tem havido incentivos para fixar os médicos, o SNS não tem sido competitivo”, lamenta.
JP 11.12.17 link 
Com o título “Metade dos jovens médicos admite emigrar quando já for especialista” a edição do Público do dia 11/12 traça um retrato da desmotivação que grassa nos profissionais do SNS, em particular entre os mais jovens.
Questionado sobre “O que é que a Ordem dos Médicos propõe para alterar a situação?” Miguel Guimarães responde: É fundamental colocar a carreira médica em primeiro plano e reformá-la. Propus isto mesmo ao ministro da Saúde na carta de compromisso que lhe enviei em 30 de Agosto passado, mas não obtive qualquer resposta. Vou agora dar a conhecer os resultados deste trabalho ao senhor ministro e aos deputados na Assembleia da República. Esta reforma será feita em conjunto com os sindicatos médicos que, sublinhe-se, se têm batido nos últimos tempos pela reposição de remunerações, não por aumentos. Depreende-se das palavras do Bastonário que a Ordem dos Médicos tem uma proposta de reforma da carreira médica, consensualizada com os Sindicatos, da qual terá dado conhecimento há mais de três meses a Adalberto Campos Fernandes que a terá metido na gaveta. Esperava-se pois que, face à indiferença do ministro da Saúde, essa mesma proposta fosse tornada pública ou enviada aos grupos parlamentares para que a discutissem em sede própria. Parece, porém, que não é isso que irá resultar deste inquérito realizado aos médicos do Norte. Pelo que é dito na entrevista, tudo indica que a dita proposta irá permanecer no segredo do ministério da Saúde a não ser que … 
Tavisto

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